segunda-feira, 25 de abril de 2011

(RE)Nova Vida

Estava em um momento eufórico da minha vida profissional, trabalhando em duas instituições de saúde de Porto Alegre, ganhando um ótimo salário, desenvolvendo todo o meu potencial técnico-científico, com grana pra pagar minhas contas, adquirir algus bens e gastar em bobagens.


Duas instituições privadas que vendem saúde, uma delas a melhor de Porto Alegre e uma das maiores da América Latina. A outra telvez seja uma das mais pobres que sobrevive a trancos e barrancos com a boa vontade dos funcionarios que nela trabalham.


Vinha cansado, exausto pela dupla jornada diária, sem um final de semana inteiro livre, sendo jogado de um horário pra outro sem ter escolha, com cobranças absurdas que sempre procuravam um culpado e pela primeira vez na minha vida conheci na pele o significado da palavra "Bode Expiatório"... Uma empresa que tem um modelo porco de gestão, que sobrecarrega seus funcionários deixando a todos descontentes, desvalorizando o profissional de nível superior pra não ter que bater de frente com o suas decisões, que lá no fundo, sabem que são erradas.
Pois se nesse momento você se pega pensando "por isso que esse hospital ta indo pro buraco!" faço uma revelação que vai te deixar de queixo caído: Essa podridão toda acontece no hospital mais rico de Porto Alegre.


Então, após vivenciar um período ruim, onde eu me fechei pro mundo pra me dedicar a agradar o chefe, começei a me dar conta que o(a) chefe não tinha opinião própria. A chefe, na verdade, era influenciada pela trapilhagem que rodeava. Percebendo então que era gente demais pra agradar, comecei a enxergar que vivo em outro mundo...o mundo da educação, do bom caratismo, da gentileza, do bom senso, da justiça, do coleguismo, do respeito ao ser humano.


Voltei a ler as trovas dos amigos nas comunidades no orkut e percebi que deixei de praticar uma das atividades que eu mais gosto na vida que é o campismo. Percebi que deixei minha namorada de lado pra me dedicar a pessoas que não mereciam sequer minha atenção. Ora, mas que espécie de ser humano eu me tornei?


Tantas vezes conversei com colegas sobre a vida na enfermagem e 98% sempre disseram que é de abnegação, que sempre perdemos as coisas boas da vida pq estavamos dentro do hospital, que enfermagem e qualidade de vida são coisas distantes.

Não, definitivamente eu não quero perder as coisas boas da vida, ja que o mais importante eu descobri - elas não custam caro!

Ao me demitir, fiquei duplamente feliz! Primeiro eu estava voltando pra minha família. Segundo, eu vou voltar a praticar uma vida com qualidade, aproveitando tudo de forma intensa!


Conversando com uma colega hoje ela comentou que no dia em que estava de plantão o filho pequeno começou a caminhar e adivinhem: ela perdeu esse momento. Foi quando uma outra colega entrou no assunto e disse: não te chateia, tem muito mais momentos que tu não vai presenciar pra ficar no plantão!

Se desse pra ser hippie eu seria, mas no momento eu vou mesmo é ficar trabalhando no meu hospital pobrinho até ganhar na mega sena e aproveita minha Nova Vida que sempre se Renova!

Até Breve!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Viajar

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink